Saúde da Mulher – Climatério e mudanças hormonais

Saúde da Mulher:
Climatério e Mudanças Hormonais:

A palavra climatério significa fase crítica e dá nome a um período realmente conturbado da vida feminina, que começa por volta dos 40 anos e se estende até a menopausa – quando não há mais ciclo menstrual. Sua principal característica são as transformações físicas e emocionais decorrentes do desequilíbrio na produção dos hormônios femininos pelos ovários.Os sintomas que marcam a entrada no climatério são semelhantes aos de uma TPM, só que acentuada e prolongada. A sensação de inchaço no corpo e mamas, as dores fortes de cabeça ou enxaquecas, as alterações de humor (nervosismo, irritação, tristeza profunda e mesmo depressão) podem se manifestar ao longo de até quinze dias antes da menstruação. Do meio para o fim do climatério é comum, ainda, a irregularidade nos ciclos e a variação do fluxo menstrual.
O período de maior desconforto, caracterizado pelos sintomas clássicos de ondas de calor, suores noturnos, insônia, sensação de fadiga, começa por volta dos 45 ou 47 anos e só termina dois a três anos após a última menstruação, aos 53 ou 54 anos. Esta fase que antecede o fim da menstruação é denominado pela Organização Mundial de Saúde como perimenopausa – termo de origem grega. O prefixo peri, da palavra, significa em torno de. O que acontece com o corpo feminino em torno da menopausa tem a ver com o desequilíbrio na produção dos hormônios estrogênio e progesterona pelos ovários.

Os ovários começam a falhar:
As mulheres já nascem com toda a reserva de óvulos que irão usar durante a vida. Chegam ao mundo com um suprimento aparentemente exagerado de 2 milhões de folículos e atingem a puberdade com 400 mil.O processo pelo qual desaparecem mais de dois terços desse estoque imenso antes da menarca, época da primeira menstruação, ainda é mal conhecido pela ciência. A atresia folicular, termo técnico usado para identificar o fenômeno de perda significativa de folículos e óvulos pelas mulheres, e que significa literalmente estreitamento de órgão oco, faz parte da natureza dos ovários.Tanto que as mulheres gastam, no máximo, 450 dos 400 mil óvulos com suas ovulações antes de atingir a idade da menopausa, quando têm a ultima menstruação e provavelmente nenhum óvulo a mais em seus folículos capaz de continuar a sua história reprodutiva. Não é de uma hora para a outra que ocorre o desfecho. O desaparecimento de folículos começa a se fazer notar a partir dos 35 anos e torna-se crônico depois dos 45, quando a chamada atresia dá origem a ciclos menstruais anovulatórios (sem produção de óvulos). A falha na ovulação desencadeia um processo de desequilíbrio na produção hormonal, com queda nos níveis de progesterona e flutuações dos níveis de estrogênios no organismo feminino.

Picos de alta e baixa produção
Existem no mínimo 60 formas de hormônios estrogênios circulando no corpo de homens e mulheres, mas são três as formas dominantes no organismo feminino: o estradiol, o estriol e a estrona.Fabricado pelos ovários, em sua maior parte, o estradiol é de longe o mais poderoso dos três. É ele que atua sobre a função reprodutiva, estimulando os folículos ovarianos a liberar os óvulos — as células germinativas femininas. Também é ele que estimula o aumento das contrações musculares das trompas de falópio que empurram o óvulo fertilizado até o útero. É o estradiol, ainda, que leva o útero à reagir à progesterona – o hormônio que prepara o órgão para receber o óvulo fertilizado, revestindo-o com um endométrio mais espesso. O estradiol desempenha papel estratégico no corpo feminino, além da função reprodutiva. É responsável pela manutenção dos tecidos do organismo, garantindo a elastidade da pele e dos vasos sanguíneos, a reconstituição dos ossos, a proteção de funções cerebrais como a memória, entre outras 300 atividades, segundo informam os estudos científicos. O estradiol é um estrogênio da juventude, se poderia dizer. O estriol é produzido pela placenta e, em menor quantidade, pelo fígado. É o principal estrogênio da gravidez.
O Estrona é uma versão atenuada de estradiol. Secretado pelas células de gordura e durante a gravidez, pela placenta, é o tipo que predomina na mulher após a menopausa. Ele tem sua importância mas não é tão poderoso, sem dúvida, quanto o estradiol a ponto de evitar o processo inexorável de envelhecimento. Por isso, ficamos mais vulneráveis ao risco de desenvolver doenças cardiovasculares ou osteoporose após a menopausa e nossa pele se torna enrugada. A região do cérebro conhecida como hipotálamo e a glândula pituitária – a popular hipófise – são em primeira instância as responsáveis pela produção desse coquetel de hormônios sexuais que preparam o organismo feminino para a reprodução e o mantém em bom estado de funcionamento. Com pouco mais de 1 centímetro de diâmetro e meio grama de peso e alojada na base do cérebro a hipófise é subordinada diretamente ao hipotálamo e se encarrega, em ambos os sexos, de fabricar as chamadas gonadotrofinas, substâncias que induzem os ovários e testículos, lá embaixo, a liberar hormônios sexuais, os quais, por sua vez, amadurecem os óvulos e as células germinativas masculinas necessárias à reprodução. Para desempenhar essa função, as gonadotrofinas carregam dois tipos de hormônios: o Hormônio Folículo Estimulante, ou FSH e o Hormônio Luteinizantes ou LH. As siglas correspondem às iniciais dos nomes dessas subtâncias em inglês.Nos homens, os dois hormônios atuam simultaneamente. O FSH forma os espermatozóides enquanto o LH estimula os testículos a fabricar testosterona. Nas mulheres, eles agem em fases alternadas. O FSH entra na primeira metade do ciclo, para induzir os ovários a produzir estradiol, o estrogênio que amadurece um ou mais óvulos guardados nos folículos ovarianos. O nível de concentração de estrogênio estradiol no sangue, aumenta quando o óvulo está maduro e pronto para sair de sua “casca” e este é o sinal que avisa a hipófise de que o trabalho foi feito e está na hora de parar a produção de FSH e lançar a segunda gonadotrofina na circulação: o LH. O hormônio luteinizante ajuda o óvulo a romper a casca folicular para cair em uma das duas trompas de falópio, que a essa altura estão encostadinhas nos ovários à espreita de sua presa.
A partir dessa fase, a glândula pituitária continua a lançar as gonadrotofinas na circulação e dar início ao ciclo ovulatório feminino, mas os folículos não amadurecem e os níveis de estradiol, o estrogênio fabricado pelos ovários nessa primeira metade do ciclo feminino, não se elevam ao ponto de avisar a hipófise sobre o passo seguinte, qual seja, o de parar a produção de FSH e começar a de LH, e assim por diante.Ao contrário do programado, e num esforço supremo para conseguir amadurecer os folículos ovarianos resistentes, a hipófise reage aumentando a produção de FSH. A chance de conseguir tirar um óvulo da casca é de 50% quando a mulher tem 45 anos. Mas a hipófise não parece saber disso e insiste, super produzindo o FSH. E com óvulo ou sem, dá seqüência a operação, lançando a segunda gonadrotofina na circulação, o hormônio luteinizante ou LH que completa o ciclo até a menstruação. A produção de LH permanece estável nesse período conturbado, segundo os médicos, daí a continuidade do processo. Mas a produção anormal de FSH ao longo da perimenopausa, que se torna errática, oscilando entre picos de alta e baixa concentração, acompanhados por mais estradiol ou menos, produz um curto-circuito no organismo feminino, literalmente. Entre as principais consequências do desequilíbrio hormonal estão as alterações na temperatura do organismo feminino, que esquenta ligeiramente ao longo de toda a perimenopausa. As ondas de calor e os suores noturnos são outro efeito desse descompasso hormonal. Além de experimentar os sintomas clássicos da síndrome pré-menstrual, as mulheres em idade de perimenopausa também passam a ter problemas de sono por causa desses calores e suores noturnos. Algumas também sofrem com problemas de ordem gastrointestinal, dores musculares e nas juntas.

Texto selecionado da SOGESP – Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo
link: http://www.sogesp.com.br/…/…/climaterio-e-mudancas-hormonais

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